Sermão de Ellen white sobre a Humanidade de Cristo

CRISTO TENTADO COMO NÓS SOMOS
                (Ellen G. White) 
“Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados". Hebreus 2: 17, 18.1
"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, afim de sermos ajudados em tempo oportuno". Hebreus 4:15, 16.
Cristo veio a este mundo, e revestiu Sua divindade com humanidade, tomando sobre Si a natureza do homem. Ele veio para passar pelas experiências da humanidade, para pisar o terreno sobre que Adão caiu, para redimir a sua falha, para defrontar e vencer o adversário de Deus e do homem, a fim de que, mediante Sua graça o homem pudesse ser um vencedor, e finalmente tenha um lugar com Ele sobre o Seu trono. Ele tomou o campo de conflito, e nesse átomo de mundo a controvérsia entre Cristo, o Príncipe da Vida, e Satanás, o príncipe das trevas, devia desenrolar·se. Por transgressão o homem tomou· se o filho do mal, o cativo de Satanás, o inimigo de Deus. Satanás representou falsamente o caráter de Deus, e o homem, que havia sido feito à imagem divina, duvidou do amor de seu Pai Celestial, desconfiou de Sua Palavra, e estabeleceu· se em teimosa descrença e rebelião contra Suas exigências.
Cristo veio para representar o caráter de Seu Pai, para ganhar o homem de volta a sua lealdade com Deus, para reconciliar o homem com Deus. Ele propôs defrontar o inimigo e desmascarar suas artes, para que o homem pudesse ser capaz de escolher a quem iria servir. Satanás havia sido Lúcifer, o portador de luz, o que compartilhava a glória de Deus no céu, segundo após Jesus em poder e majestade. Nas palavras da inspiração ele é descrito como aquele que era “o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura” Ezequiel 28: 122, mas Lúcifer havia pervertido a beleza e poder com que foi dotado pelo Criador, e sua luz se tomou em trevas. Quando mediante sua rebelião ele foi expulso do céu, determinou· se a tomar o homem sua vítima, e a terra o seu reino. Ele lançou a culpa de sua rebelião sobre Cristo, e em determinado ódio contra Deus buscou feri-Lo mediante a queda do homem. Na felicidade e paz do Éden, ele contemplou uma visão da bênção que havia perdido para sempre e determinou-se a inspirar nos corações das criaturas de Deus a mesma amargura que ele próprio sentira, de modo que os seus cantos de louvor e gratidão pudessem ser transformados em reprovação contra o Criador.
Conquanto Deus tivesse dotado o homem com todas as coisas para sua alegria, e os habitantes do Éden nada sabiam do mal, contudo não resistiram às insinuações do arquienganador, mas caíram de sua retidão, e provaram a amargura da transgressão. A paz foi perdida, o amor fugiu; e em lugar de união com o seu Criador eles sentiram um senso de culpa, temor do futuro e nudez da alma. Tal é a conseqüência de quebrar os justos mandamentos de Deus, de violar Seus santos preceitos; mas “ em observá-los há grande recompensa,” Salmos 19:11, u.p.  A queda do homem encheu todo o céu com sofrimento, e o coração de Jesus foi movido com infinita compaixão pelo mundo perdido, a raça arruinada. Ele contemplou o homem mergulhado em pecado e miséria, e sabia que ele não contava com poder moral para vencer, por si mesmo, o poder de seu incansável inimigo sagaz. Em divino amor e piedade Ele veio à Terra para lutar nossas batalhas por nós; pois somente Ele poderia vencer o adversário. Ele veio para unir o homem com Deus, conceder a divina força à alma arrependida, e da manjedoura ao Calvário trilhar a vereda pela qual o homem passaria, a cada passo dando ao homem um perfeito exemplo do que devia fazer, apresentando em Seu caráter o que a humanidade poderia tomar-se quando unida á Divindade.
Mas muitos dizem que Jesus não era semelhante a nós, que Ele não era como somos no mundo, que Ele era divino, e, portanto não podemos vencer como Ele venceu. Mas isto não é verdade "pois verdadeiramente Ele não tomou sobre Si a natureza de anjos, mas tomou sobre Si a descendência de Abraão", Hebreus 2: 16 .... “Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer  aos que são tentados", vs. 18. Cristo conhece as provas do pecador~ Ele conhece suas tentações. Ele tomou sobre Si nossa natureza. Ele foi tentado em todos os pontos como nós somos. Ele chorou~ foi um homem de sofrimentos e acostumado com a dor. Viveu sobre a Terra como homem. Como homem ascendeu ao Céu. Como homem Ele é o substituto da humanidade. Como homem Ele vive para fazer intercessão por nós. Como homem Ele virá outra vez com poder real e glória para receber aqueles que O amam, e para os quais está agora preparando um lugar. Devemos regozijar-nos e dar graças porque Deus “ apontou um dia em que julgará o mundo com justiça, pelo Homem que Ele destinou ", Atos 17: 31
Aqueles que alegam que não era possível que Cristo pecasse não podem crer que Ele assumiu sobre Si a natureza humana. Cristo foi realmente tentado, não só no deserto, mas por toda a Sua vida. Em todos os pontos Ele foi tentado como nós, e porque teve êxito em resistir à tentação em todas as formas, deu-nos um perfeito exemplo. Mediante as amplas provisões feitas em nosso beneficio podemos tomar-nos participantes da natureza divina, e escapar da corrupção que há no mundo mediante a lascívia. Jesus diz: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono ", Apocalipse 3: 21. Isto, o princípio de nossa confiança, devemos conservar firmemente até o fim. Jesus pode capacitar-nos a resistir às tentações do diabo; pois Ele veio para trazer o poder divino para combiná-Io com o esforço humano.
Jesus disse: Eu e o Pai somos um", João
10:30. Ele fala de Si mesmo bem como pelo Pai quando Se refere ao poder onipotente, e reivindica para Si justiça perfeita. Em Cristo habita corporalmente a plenitude da Divindade. É por isso que, embora tentado em todos os pontos como nós, Ele apresentou-­Se perante o mundo imaculado pelas corrupções que O cercavam. Também nós devemos tomar-nos participantes de Sua plenitude, e somente desse modo seremos capacitados a vencer, como Cristo venceu.
A grande obra da redenção poderia ser levada a cabo pelo Redentor somente ao tomar Ele o lugar do homem caído. Sobrecarregado com os pecados do mundo, Ele teve que trilhar a vereda que Adão percorreu e redimir sua falha. Quando Adão foi assaltado pelo tentador, nenhum dos efeitos do pecado estavam sobre ele, pois achava-se rodeado pelas glórias do Éden. Mas assim não foi com Jesus; pois, carregando as enfermidades da humanidade degenerada, Ele entrou no deserto para defrontar um inimigo portentoso, a fim de que pudesse soerguer o homem dos mais profundos níveis de sua degradação., Sozinho Ele devia trilhar o caminho da tentação e exercer o domínio próprio mais forte que a fome, ambição e morte.
Revestido como um anjo de luz, o sagaz inimigo apresentou suas ardilosas tentações ao Salvador. Ele buscou persuadir Cristo a volver-Se da senda da negação própria e do levar a cruz. Ele assegurou a Jesus que Deus estava satisfeito com Sua disposição de suportar a prova, mas que assim como Ele segurou à mão de Abraão quando a ponto de sacrificar Isaque, assim também agora, satisfeito com a disposição de Cristo de trilhar a vereda ensangüentada, Ele havia enviado um anjo para livrá-Lo do jejum prolongado pelo qual Ele haveria de vencer o poder do apetite em favor do homem. Esse capcioso raciocínio foi uma tentação para Cristo. Sua humanidade fez disso uma tentação para Ele, e foi somente por confiar na palavra de Seu Pai que Ele pôde resistir ao poder do inimigo. Ele caminhou pela fé, como devemos caminhar pela fé, e desviou-Se do astuto enganador, que insinuou-Lhe duvidar de Sua divindade, e instou-O a que, se fosse o Filho de Deus, devia tomá-Io manifesto por uma exibição de poder divino. Satanás declarou que um poderoso anjo do céu havia sido banido para a terra e que a aparência de Cristo, indicava que, em lugar de ser o Rei do céu, Ele era
esse anjo caído, esquecido por Deus e abandonado pelos homens. Ele declarou que se Ele fosse o Filho de Deus, seria igual a Deus e poderia tomar isso evidente mediante um milagre. Disse ele: "Se Tu és o Filho de Deus manda que estas pedras se transformem em pães", Mateus 4:3 e Lucas 4:3. Ele prometeu que se Cristo fizesse isso, reconheceria Sua supremacia e não mais contestaria Suas reivindicações. O arquienganador esperava que, sob a força da aflição e extrema fome, Cristo perderia a fé em Seu Pai, operaria um milagre em Seu próprio benefício e O tiraria das mãos de Seu Pai. Caso houvesse agido assim, o plano de salvação teria sido interrompido;
pois era contrário a seus termos que Cristo operasse um milagre em Seu próprio benefício. Por toda a Sua vida sobre a Terra Seu poder deve ser exercido somente para o bem da sofrida humanidade. Como representante do homem, Ele devia suportar as provas do homem, deixando um perfeito exemplo de submissão e confiança em Deus. Jesus defrontou o adversário com a palavra de Deus. Disse ele: "Está escrito, Não só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus", Mateus 4: 4 e Lucas 4: 4. Não caberia ao Filho de Deus ter descido de Sua elevada missão para provar Sua Divindade a um inimigo caído, ou condescender em explicar Sua humilhação como Redentor do homem. Se os filhos dos homens seguissem o exemplo de Cristo, e não mantivessem conversação com o inimigo, eles seriam poupados de muitas derrotas em suas mãos.
Frustrado na tentativa de provocar Cristo a manifestar Seu divino poder em Seu próprio beneficio, e buscando impressioná-Lo com uma exibição de poder superior, Satanás transportou o Filho de Deus do deserto, e postou-O no pináculo do Templo em Jerusalém. Ele ali admitiu que Jesus estava certo em manifestar inabalável confiança em Deus, e, declarando que Deus havia prometido dar a Seus anjos o encargo de cuidar Dele para não tropeçar o pé numa pedra, ele instou Cristo a manifestar ainda mais fé na palavra de Deus. Ele Lhe disse: "Se Tu és o Filho de Deus, lança-Te de aqui abaixo; porque está escrito:
Que aos seus anjos dará ordens a Teu respeito, e tomar-Te-ão nas mãos, para que nunca tropeces nalguma pedra",  Mateus 4: 6 e Lucas 4: 11. Satanás pensou em tomar vantagem da humanidade de Cristo, e instá-Lo a ir além dos limites de confiança, praticando o pecado da presunção. Mas, enquanto manifestando perfeita confiança em Seu Pai, Ele recusou pôr-Se numa posição que requeresse a interferência do Pai para salvá-Lo da morte. Ele não forçaria a Providência a socorrê-Lo, e assim fracassar em dar ao homem um exemplo de perfeita confiança e submissão.
Contrariado em sua tentativa de superar a integridade de Cristo, Satanás agora arrisca tudo, e, dispensando seu mascarado caráter, apresenta-se agora abertamente como o arqui-rebelde, o dirigente do reino dos homens, o soberano da Terra. Ao colocar a Cristo sobre uma elevada montanha, faz com que os reinos do mundo passem em panorâmica visão perante o Redentor. Ele apresenta a glória do mundo, e promete colocar a Cristo, sem sofrimento ou perigo, na posse de todo o seu poder, se Ele apenas admitisse ser inferior a Satanás, e se inclinasse em homenagem perante ele. A vida de Cristo estava entenebrecida pelo sofrimento, privação, dificuldades e luta. Sem lar e sem amigo como se achava, os poderosos reinos da Terra eram-lhe oferecidos em troca de uma simples consideração. Para reconquistar a supremacia da Terra, Ele teria que trilhar o caminho ensangüentado do Getsêmani e Calvário; mas Ele não hesita diante do tentador. Volvendo-se a Seu adversário Ele declarou: "Vai-te, Satanás, porque está escrito: ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele servirás", Mateus 4: 10 e Lucas 4:8.
Encolhendo-se em humilhação e ira, o desnorteado inimigo é forçado a deixar a presença do Redentor do mundo. Ele não pode suportar a autoridade da ordem de Cristo, e é forçado a reconhecer que a vitória de Cristo é tão completa quanto foi a derrota de Adão. Após o inimigo tê-Lo deixado, Jesus caiu exausto sobre o solo, com a palidez da morte em Seu semblante. Os anjos do céu tinham acompanhado o conflito, contemplando o Seu
amorável comandante ao enfrentar o inexprimível sofrimento para estabelecer um meio de escape para o homem. Ele havia suportado o teste, maior do que qualquer homem poderia jamais ser chamado a suportar-tão maior quanto Seu caráter era mais elevado e puro. Os anjos agora ministravam ao debilitado Filho de Deus. Reanimado com alimento, confortado com a segurança de Sua vitória e com o amor de Seu Pai, Seu grande coração estende-se em simpatia pelo homem, e Ele determina-Se a seguir avante para completar a obra que havia iniciado, e não ter descanso até que o inimigo fosse derrotado, e a raça humana redimida.
Os seguidores de Cristo são chamados a compartilhar com Ele em Seus sofrimentos. A confederação do mal está reunida contra os que desejam seguir nos passos do Redentor. Devemos combater o poderoso príncipe da maldade; mas o Salvador nos diz que não estamos sozinhos no combate. Todas as inteligências celestiais virão em nosso auxílio. Em meio às trevas do mundo, devemos captar a radiação do trono de Deus, e espalhar a luz do céu até os confms da Terra.
O cristão está alistado a lutar na causa de Deus, para ser um soldado de Jesus Cristo. Jesus lutou todas as nossas batalhas durante Sua vida sobre a Terra, e naquilo que foi tentado, sabe como socorrer os que serão tentados. Não temos forças para guerrear contra principalidades, e poderes, e malignidade espiritual em altos lugares, exceto ao obtermos força de Cristo. Jesus lhe chama a contemplar a confederação do mal, observar o conflito pelo qual devemos passar. Ele nos ordena a considerar o custo de permanecer de pé sob a bandeira ensangüentada; Ele não nos ilude de que não teremos dificuldades nesta vida; mas, conquanto sejamos testados e tentados em defrontar a confederação do mal, contudo temos a garantia de que todas as inteligências celestiais serão alistadas ao nosso lado em cada combate. Mas o ministério dos anjos não nos assegurará isenção de sofrimento e provas. Os anjos ministraram a Jesus; contudo a presença deles não tomou Sua vida fácil, nem O livrou de conflito e tentação. Enquanto estamos engajados na obra que o Mestre nos designou fazer, embora haja provas e perplexidades, e as tentações nos pressionem, não devemos desanimar; pois sabemos que houve Um que suportou todas essas tentações antes de nós.
Cada um de nós tem uma batalha a lutar com o inimigo caído. Devemos começar o conflito à luz da Bíblia, obtendo vitórias sobre o eu, não dando lugar ao maligno. Não devemos pecar contra Deus abrigando pensamentos pecaminosos ou falando palavras murmuradoras. Não devemos permitir que o inimigo controle nossas faculdades no mínimo, mas lançar todo peso de nossa influência ao lado de Cristo. Deus empenhou Sua palavra de que Sua graça será suficiente para nós em nossa maior necessidade, em nossa angústia mais penosa. Apropriando-nos dessa graça, Cristo será achado socorro bem presente em tempo de angústia.
O Senhor espera que os Seus servos superem os amantes do mundo em vida e caráter. Para que possam fazer isto Ele colocou a sua disposição recursos ilimitados. O cristão é um espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens. É visto como alguém que está lutando pelo domínio, empenhado na corrida posta perante ele, para que possa obter o prêmio, a saber, a coroa imortal. Seus motivos devem estar acima dos motivos daqueles que amam o mundo. Deve sentir que no grande conflito em que está empenhado, há tudo a ganhar, e tudo a perder. Deve considerar que precisa fazer uso de todo poder que lhe foi confiado para vencer o mundo, a carne, e o maligno, mediante o poder do Espírito Santo. Graça tem sido abundantemente provida para que não falhe nem desanime, mas seja completo em Cristo, aceito no Amado.
Aqueles que desejam ser vitoriosos devem contemplar o custo da salvação, para que sejam dominados pelo amor de Cristo e que suas fortes paixões humanas sejam vencidas e eles conduzidos cativos ao seu Redentor. O cristão deve considerar que não pertence a si mesmo, mas que foi comprado por um preço. Suas mais fortes tentações virão do interior: pois terá que batalhar contra as inclinações do coração natural. O Senhor conhece as nossas fraquezas; contudo Ele tem dado valor ao homem, mesmo que finito e incapaz de qualquer bem de si mesmo, a um preço infinito. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna", São João 3: 16. Toda luta contra o pecado, todo esforço para conformar-se com a lei de Deus, é Cristo operando mediante Suas agências designadas sobre o coração humano. Oh, se pudéssemos compreender o que Jesus é para nós e o que somos para Ele, a murmuração para sempre silenciaria, a descrença seria eliminada, o valor da alma apareceria, e creríamos que Deus nos tem amado com amor eterno!
Vós que sois tentados e provados e desanimados olhai para cima. Que nenhuma alma cansada, hesitante, oprimida pelo pecado, se desanime e perca a esperança. As promessa de Deus vêm-nos soando ao longo dos tempos, assegurando-nos que podemos alcançar o céu se permanecermos em Cristo. Erguei a cabeça; é fatal olhar para baixo. Se olharmos para baixo, a terra gira e treme sob os nossos pés e nada é seguro. Uma mão divina está estendida em vossa direção. A mão do Infinito está estendida sobre os conflitos celestiais para apanhar vossa mão. O poderoso Ajudador está perto para amparar o maior errante, o mais pecador e desesperado. Olhai para cima pela fé e a luz da glória de Deus brilhará através de vós. Não desanimeis por verdes que vosso caráter é defeituoso. Quanto mais vos aproximais de Jesus, mais falhos aparecereis a vossos próprios olhos; pois vossa visão será mais clara, e vossas imperfeições serão vistas em distinto contraste com o Seu perfeito caráter. Não desanimeis; esta é uma evidência de que os enganos de Satanás estão perdendo o seus poderes; de que a vivificadora influência do Espírito de Deus vos está despertando e que vossa indiferença e ignorância estão desaparecendo.
Seja qual tenha sido vossa experiência passada, conquanto desencorajadoras possam ser vossas circunstâncias presentes, se fordes a Jesus tal como sois, fracos, desamparados, e em desespero, nosso compassivo Salvador virá de grande distância vos encontrar e vos lançará os Seus braços de amor e Seu manto de justiça. Não continueis falando de vossas fraquezas; Jesus veio para trazer poder moral a fim de combinar com o esforço humano, para que possamos avançar passo a passo rumo ao céu. Que vossa fé se apegue às preciosas promessas de Deus, e se as nuvens vos envolveram, a névoa se desvanecerá; pois os anjos de Deus estão sempre prontos para ajudar em toda prova e emergência. Não somos deixados a batalhar sem ajuda contra o príncipe das trevas. Ao percebermos os ataques do inimigo, sentiremos a necessidade de nos refugiarmos na fortaleza; devemos aprender a depender do Poderoso. Ele nos será como a sombra de uma grande rocha numa terra desolada, como um abrigo na tempestade. Profunda e fervorosa será a gratidão daquele que experimenta a ajuda de Deus em tempos de tentação e prova.
O inteiro exército do céu está alistado a combater nossas batalhas por nós, operar por nós uma gloriosa vitória, e Jesus é o Capitão de nossa salvação. Mas que ninguém pense que não seremos convocados a suportar tribulação. João declara:
"Olhei, e vi uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estava em pé diante do trono e perante o Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos.
Clamavam com grande voz: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono e perante o Cordeiro.
E todos os anjos estavam em pé ao redor do trono e dos anciãos e dos quatro seres viventes, e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus. Dizendo, Amém: Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém.
Então um dos anciãos meperguntou: Estes que estão vestidos de branco, quem são eles e de onde vieram?
Respondi-lhe: Senhor, tu o sabes. E disse-me:
Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do cordeiro.
Por isso estão diante do trono de Deus, e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono habitará com eles.
Nunca mais terão fome; nunca mais terão sede; Nem sol nem calor algum cairá sobre eles. Pois o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. Apocalipse 7: 9-17.
Todos quantos forem encontrados com a veste nupcial terão saído da grande tribulação, VS. 14. Os grandes apelos da tentação recairão sobre todos os seguidores de Cristo, e a menos que estejam firmes na eterna Rocha, serão arrastados. Pensais que podeis seguramente seguir a correnteza? Deveis enfrentar a maré, ou certamente vos tomareis desajudadas presas do poder de Satanás. Não estais seguros em pisardes sobre o terreno do inimigo, mas deveis dirigir vossos passos no caminho estabelecido para os redimidos do Senhor para nele andarem. Mesmo na vereda da santidade sereis provados; vossa fé, amor, paciência e constância serão testados. Por diligente pesquisa das Escrituras, por fervorosa oração por divino auxílio, preparai a alma para resistir a tentação. O Senhor ouvirá a oração sincera da alma contrita, e levantará um padrão para vós contra o inimigo.
Jesus deixou o Seu lar ce1estial e veio a este mundo entenebrecido para alcançar as maiores profundezas da miséria humana, para que possa salvar aqueles que estão prestes a perecer. Ele pôs de lado Sua glória nas cortes celestiais acima, cobriu Sua divindade com a humanidade, e por nossa causa Ele se tomou pobre, para que nós, através da Sua pobreza possamos nos tomar ricos. Ele veio à terra, que estava marcada e arruinada com o pecado,  “ e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo
obediente até à morte, e morte de cruz." Filipenses 2: 8. Ele submeteu-Se a insultos e zombaria para que ·pudesse nos deixar um exemplo perfeito. Quando nós estamos inclinados a magnificar nossas lutas, a pensar que nós estamos tendo tempos trabalhosos, nós deveríamos desviar nossos olhares de nós mesmos para Jesus, que é o Autor e Consumador de nossa fé,  “O qual, pelo gozo que Lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus", Hebreus 12:2. Tudo isto Ele suportou, a fnn de trazer muitos filhos e filhas a Deus, para apresentá-los ante o trono do universo como troféus de Sua vitória.
A fnn de nos tomarmos vitoriosos, nós devemos atentar ao comando do apóstolo, “ de sorte que haja em vós a mesma mente (ou, sentimento, como em outras versões3) que houve em Cristo Jesus."  
Filipenses 2:5. Ele é o padrão que nós, como Seus discípulos, devemos seguir. Nós não podemos acariciar egoísmo em nossos corações, e seguir o exemplo de Cristo, que morreu para fazer expiação por nós. Nós não podemos exaltar nossos próprios méritos e seguir Seu exemplo; porque Ele Se fez de nenhuma reputação, e tomou sobre Si a forma de um servo. Nós não podemos abrigar o orgulho e seguir a Cristo, uma vez que Ele humilhou-Se até não haver lugar mais baixo a que Ele pudesse descer. Maravilhai-vos, ó céus, e assombrai-vos, ó terra, que homem pecador faça tal retribuição ao seu Senhor em formalidade e orgulho, em esforços para se auto-glorificar, quando Cristo veio e humilhou-Se em nosso favor, até a morte de cruz.
Cristo veio para nos ensinar como viver. Ele nos convidou a aprender dEle, para sermos meigos e humildes de coração, para que encontremos descanso para nossas almas. Nós não temos ,desculpas para não imitarmos Sua vida e praticarmos Suas obras. Aqueles que professam Seu nome e não praticam Seus preceitos, são pesados nas balanças do céu e são achados em falta. Mas aqueles que refletem Sua imagem terão um lugar nas mansões as quais Ele foi preparar.
Aquele que é filho de Deus deve, daqui pra frente, olhar para si próprio como uma parte da cruz de Cristo, uma ligação na corrente posta para salvar o mundo, um com Cristo no Seu plano de misericórdia, avançando com Ele para procurar e salvar o perdido. O cristão deve sempre lembrar que ele foi comprado com um preço, para estar de pé sob a bandeira ensangüentada do Príncipe Emanuel, para lutar a boa batalha da fé, e apoderar-se da vida eterna. Ele deve revelar Cristo ao mundo. A negação própria, o auto-­sacrificio, a simpatia, o amor que foi manifestado na vida de Cristo, devem reaparecer na vida dos Seus seguidores. A fun de assim fazer, devemos revestir-nos de toda armadura de Deus;  “pois não temos de lutar contra a carne e o sangue, e, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os poderes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais da maldade nas regiões celestes", Efésios 6: 12. Se não vencermos, perdemos a coroa; e se nós perdermos a coroa, perderemos tudo. Perdição eterna ou vitória eterna serão nossas. Se nós ganharmos a coroa, ganhamos tudo~ nos tomamos herdeiros de Deus, e co­herdeiros com Cristo.
Cristo está vindo dentro em pouco. Ele tem sido nosso irmão no sofrimento; e se nós vencermos,
através de Sua graça, O veremos como Ele é. Sofreremos aqui somente mais alguns dias, e então entraremos numa eternidade de alegria; porque há doce repouso no reino de Deus. Para aqueles que lutam a boa batalha da fé está reservada a coroa da glória, as palmas da vitória, uma herança incorruptível, incontaminada, e que não murcha. Seja a decisão de cada alma: "Eu tenho de participar da corrida; eu devo vencer".
1.     Itálico e negrito foram supridos neste e em todos os textos bíblicos.
2.     Acrescemos esta e todas as demais localizações dos textos bíblicos que se seguem.
3.Acréscimo desta edição.

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