CRISTÃOS NO LAR

Como Lidar Com o Cônjuge e Com os Filhos! 


Se formos cristãos em nosso lar, o seremos em qualquer outro lugar. “Como tratamos com nossos semelhantes em pequenas desonestidades ou em fraudes mais ousadas, assim trataremos com Deus.”[1] Trataríamos a Cristo como tratamos os nossos familiares. “Assim como tratais a vossos filhos, assim tratareis a Cristo.”[2]

O Relacionamento Esposo / Esposa
“Nem o marido nem a mulher deve buscar dominar. O Senhor expressou o princípio que guiará este assunto. O marido deve amar a mulher como Cristo à igreja. E a mulher deve respeitar e amar o marido. Ambos devem cultivar espírito de bondade, resolvidos a nunca ofender ou prejudicar o outro.

“Meu irmão e minha irmã, os dois tendes intensa força de vontade. Podeis tornar essa faculdade em grande bênção ou em grande maldição, para vós e para os com quem entrais em contato. Não procureis obrigar o outro a proceder como desejais. Não podereis fazer isto e ao mesmo tempo conservar o amor mútuo. Manifestações de vontade própria destroem a paz e a felicidade do lar. Não permitais que vossa vida conjugal seja de contenção. Se o permitirdes, sereis ambos infelizes.”[3]
“O marido é a cabeça da família, como Cristo é a cabeça da igreja; e qualquer procedimento que a esposa possa seguir para lhe diminuir a influência e levá-lo a descer dessa dignificada e responsável posição, desagrada a Deus. É dever da esposa ceder seus desejos e vontade aos do marido. Ambos devem estar dispostos a ceder, mas a Palavra de Deus dá preferência ao juízo do marido. E não depõe contra a dignidade da esposa, ceder em favor daquele que ela escolheu para ser seu conselheiro, seu consultor e protetor. O marido deve manter sua posição na família com toda a mansidão, todavia decididamente.” [4]
 “Ao mesmo tempo que vos deveis unir em um só ser, nenhum de vós deverá perder na do outro, sua própria individualidade. Deus é o dono de vossa individualidade. A Ele deveis perguntar: Que é certo? Que é errado? Como poderei eu melhor cumprir o propósito de minha criação?”[5]
[A individualidade está relacionada com a consciência pessoal.]
Num Lar Cristão, Há Quem Lidera, Não Quem Manda 
Como vimos, o amor respeita a consciência do próximo. Quanto à individualidade, o amor não domina, não obriga, não manda, não ordena. O amor lidera, cativa, convence, induz. Logo a escala de grandeza, num lar cristão, é a da bondade. Assim sendo, tanto o esposo como a esposa, buscam respeitar mutuamente a individualidade. Nos assuntos administrativos, Deus confiou a liderança do lar ao esposo, e este a exercerá seguindo o exemplo de Cristo em relação com a Igreja, O qual deu-Se por ela. Obviamente, como em qualquer outra sociedade bem organizada, numa família cristã, haverá equilíbrio entre a responsabilidade e a autoridade, as quais sempre andam juntas.
O governo, que os pais exercem sobre a consciência dos filhos, ordenando-lhes inquestionavelmente, restringe-se à idade em que estes não tem ainda a consciência formada. Se os pais deixassem as crianças se governarem, na verdade, estariam entregando os filhos ao governo satânico, visto que o inocente ainda não está em condições de enfrentar o inimigo que o tenta. Entretanto, à medida que a consciência se desenvolve, elas passam da categoria de ‘mandadas’ para a categoria de ‘lideradas’.

Os Dois Aliados
“O amor tem um irmão gêmeo, que é o dever. Esses dois andam lado a lado. A prática do amor, enquanto o dever é negligenciado, fará as crianças obstinadas, voluntariosas, perversas, egoístas e desobedientes. Se o severo dever for deixado só, sem o amor que abranda e atrai, idêntico será o resultado. O dever e o amor devem ser misturados a fim de que as crianças sejam devidamente disciplinadas.”[6]
Se, como pais e educadores misturarmos o amor e o dever, de que maneira repreenderíamos? Com lágrimas na voz, na atitude, nos gestos, nas expressões faciais e corporais. O amor e a bondade exercem uma força, um poder de persuasão, infinitamente superiores à qualquer demonstração de ódio, ira, raiva, violência, etc. A bondade é muito mais poderosa que a agressividade, a maldade.

Faltas não Corrigidas Trazem Infelicidade
“Sempre que pareça necessário negar os desejos ou se opor à vontade de uma criança, ela deve ser seriamente impressionada com o pensamento de que isso não é feito para satisfazer os pais, ou para condescender com autoridade arbitrária, mas para o seu próprio bem. Deve ser-lhe ensinado que toda falta não corrigida trar-lhe-á infelicidade e desagradará a Deus. Sob tal disciplina, as crianças encontrarão sua maior alegria em submeter sua vontade à de seu Pai celestial.”[7]

A Bondade Deve Ser a Lei do Lar
“O método divino de governo é um exemplo de como as crianças devem ser disciplinadas. Não há opressão no serviço do Senhor, e não deve haver opressão no lar nem na escola. Contudo, nem pais nem professores devem permitir que o desrespeito à sua palavra fique sem nenhuma observação. Se negligenciarem a correção a seus filhos, por fazerem estes o mal, Deus os responsabilizará por sua negligência. Sejam, porém, eles sóbrios em censurar. Que a bondade seja a lei do lar e da escola. Ensinem-se as crianças a observar a lei do Senhor, e restrinja-as do mal uma disciplina firme, amorável.”[8]

Ter Consideração Pela Ignorância Infantil
“Pais e mães, deveis representar no lar o caráter de Deus. Deveis exigir obediência. Não como uma tormenta de palavras, mas de modo calmo e amável. Deveis estar tão plenos de compaixão a fim de que vossos filhos sejam atraídos para vós.”[9]
“Sede agradáveis no lar. Reprimi toda a palavra que despertaria um temperamento não santificado. ‘Pais, não provoqueis a ira a vossos filhos’ é uma injunção divina. Efés. 6:4. Lembrai-vos de que vossos filhos são jovens em anos e na experiência. Ao governá-los e discipliná-los, sede firmes, mas bondosos.”[10]
“As crianças nem sempre distinguem o certo do errado. E quando cometem um erro, freqüentemente são tratadas asperamente em vez de serem instruídas com bondade.” [11]
“Nenhuma licença é dada na Palavra de Deus para a severidade ou opressão paternas, ou para a desobediência filial. A lei de Deus na vida do lar e no governo das nações flui de um coração de infinito amor.”[12]

Elogiar Sempre que Possível
“Elogiai os filhos quando estes fazem o bem, pois uma apreciação criteriosa é para eles tão grande auxílio como é para os de mais idade a compreensão. Nunca sejais intratáveis no santuário do lar. Sede bondosos e sensíveis, demonstrando cortesia cristã, agradecendo e elogiando aos vossos filhos pelo auxílio que vos prestam.”[13]
“Sede agradáveis. Nunca pronuncieis palavras altas, iradas. Ao restringirdes e disciplinardes vossos filhos, sede firmes mas bondosos. Incentivai-os a cumprir com o seu dever como membros da sociedade familiar. Exprimi vossa apreciação pelos esforços que empregam para reprimir sua inclinação para o mal.” [14]
“Sede justamente aquilo que desejais que vossos filhos sejam quando tiverem o encargo de suas próprias famílias. Falai como gostaríeis que falassem.”[15]

Cuidar do Tom da Voz
“Falai sempre com voz calma e fervorosa, na qual não se apresente nenhum indício de ira. Não há necessidade de ira para conseguir imediata obediência.” [16]
“Pais e mães, sois responsáveis por vossos filhos. Cuidai sob que influência os colocais. Pelo ralhar ou irritar-vos, não percais vossa influência sobre eles para o bem. Deveis guiá-los, não despertar as paixões de seu espírito. Seja qual for a provocação que tenhais, tende a certeza de que vosso tom de voz não traga irritação. Não deixeis que vejam em vós uma manifestação do espírito de Satanás. Isso não vos ajudará a preparar e educar vossos filhos para a vida futura e imortal.”[17]

Severidade Suscita Espírito Combativo
“Desassociadas do amor, a severidade e a justiça não levarão nossos filhos a fazer o que é direito. Notai quão depressa neles se desperta o espírito combativo. Ora, há um modo muito melhor de dirigi-los que a mera compulsão. A justiça tem uma irmã gêmea - o amor. Em toda a vossa direção, deixai que o amor e a justiça se dêem as mãos e certamente tereis o auxílio de Deus a cooperar com os vossos esforços.”[18]
“A autoridade dos pais deve ser absoluta, no entanto não se deve abusar desse poder. No controle dos filhos o pai não deve ser governado pelo capricho, mas pela norma bíblica. Quando ele permite seus ásperos traços de caráter preponderarem, torna-se um déspota.”[19]

Reprovar, mas com Ternura
“Sem dúvida vereis faltas e caprichos em vossos filhos. Dir-vos-ão alguns pais que falam com os filhos e os punem, mas não vêem isso fazer-lhes nenhum bem real. Experimentem tais pais novos métodos. Misturem a bondade, o afeto e o amor com o seu governo familiar, e ainda assim sejam tão firmes como a rocha aos princípios retos.”[20]
“Ninguém que lida com jovens deve ter coração de ferro, antes deve ser afetuoso, terno, compassivo, cortês, cativante e sociável. No entanto, devem saber que devem ser dadas reprovações e que há mesmo necessidade de censura, para extinguir algum malfeito.”[21]

Nem Severidade nem Condescendência Excessiva
“Não simpatizamos com a disciplina que desanima os filhos pela censura áspera ou irrita-os pela correção irada, e então, ao mudar o impulso, sufoca-os com beijos ou os prejudica com recompensas prejudiciais. Devem igualmente ser evitadas a transigência excessiva e a indevida severidade. Embora a vigilância e a firmeza sejam indispensáveis, também o são a simpatia e a ternura.”[22]

Manter Uniforme Firmeza, Controle sem Irritação
“As crianças têm natureza amorável e sensível. Facilmente são agradadas e facilmente sentem-se infelizes. Mediante disciplina gentil em palavras e atos de amor a mãe pode unir os filhos ao seu coração. É grande erro mostrar severidade e ser muito exigente com as crianças. Firmeza uniforme e controle desapaixonado são necessários na disciplina de toda a família. Dizei calmamente o que pretendeis, agi com consideração e ponde em prática o que dizeis sem vos desviardes.
“Compensará manifestar afeto no convívio com vossos filhos. Não os repulseis por falta de terna compreensão em seus brinquedos, alegrias e desgostos. Nunca deixeis que haja sobrancelhas carregadas em vossa fronte, ou que uma palavra áspera vos escape dos lábios.”[23]
“Mesmo a bondade deve ter seus limites. A autoridade deve ser mantida com firme severidade, ou por muitos será recebida com escárnio e desprezo. A chamada ternura, a adulação e a transigência usadas pelos pais e tutores para com os jovens, é o pior mal que lhes pode sobrevir. Firmeza, decisão, exigências positivas são essenciais em cada família.”[24]

Lembrar-se dos Próprios Erros
“Lembrem-se os pais e mães de que eles mesmos não passam de crianças crescidas. Embora grande luz lhes tenha brilhado no caminho, e tenham tido longa experiência, contudo, com quanta facilidade são incitados à inveja, ao ciúme e às más suspeitas. Devido aos seus próprios enganos e erros, devem aprender a tratar delicadamente com os filhos que erram.”[25]
“Pode ser que às vezes fiqueis aborrecidos porque vossos filhos contrariam o que lhes ordenastes. Mas já pensastes que vós muitas vezes contrariastes o que o Senhor vos ordenou?”[26]

Auxílio Divino Para Vencer um Temperamento Precipitado
“Desejo dizer a cada pai e mãe: Se tendes um temperamento precipitado, buscai o auxílio de Deus para vencê-lo. Quando sois tentados a perder a paciência, entrai em vosso aposento, ajoelhai-vos e pedi a Deus que vos ajude a exercer a devida influência sobre vossos filhos.”[27]
“Mães, quando cedeis à impaciência e tratais asperamente vossos filhos, não estais aprendendo de Cristo, mas de outro mestre. Jesus diz: ‘Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve.’ Mat. 11:29 e 30. Quando achais duro vosso trabalho, quando vos queixais das dificuldades e provas, quando dizeis que não tendes força para suportar a tentação, que não podeis vencer a impaciência e que a vida do cristão é uma obra de escalada, estai certas de que não estais levando o jugo de Cristo; levais o jugo de outro senhor.” [28]

A Condescendência Torna Difícil a Direção
“Pais, tornai o lar feliz para os vossos filhos. Mas isso não significa que deveis ser condescendentes para com eles. Quanto mais com eles se transige, tanto mais difíceis serão de dirigir, e tanto mais difícil ser-lhes-á levar vida verdadeira e nobre quando saírem para o mundo. Se lhes permitirdes fazer o que querem, sua pureza e bondade de caráter depressa desaparecerão. Ensinai-lhes a obedecer. Vejam eles que vossa autoridade deve ser respeitada. Isso pode parecer trazer-lhes um pouco de infelicidade agora, mas os livrará de muita infelicidade no futuro.”[29]
“Transigir com a criança nova no erro é pecado. A criança deve ser conservada sob controle.”[30]
“Se se permite as crianças seguirem a sua vontade, elas recebem a idéia de que devem ser servidas, cuidadas, favorecidas e divertidas. Julgam que seus desejos e vontades devem ser satisfeitos.”[31]
“Não deveria ela [a mãe] deixar o filho seguir de vez em quando seu próprio caminho, permitir-lhe fazer justamente o que deseja, consentir em que seja desobediente? Certamente que não; pois tão logo o faça, deixa Satanás implantar em seu lar sua infernal bandeira. Deve travar a batalha daquela criança, que ela sozinha não pode enfrentar. Essa é a sua obra: repreender o diabo, buscar sinceramente a Deus, e nunca permitir que Satanás justamente lhe tire o filho dos braços e o coloque nos seus.”[32]

A Transigência Causa Inquietação
“Em algumas famílias, a vontade da criança é lei. Tudo que ela deseja é-lhe dado. Tudo aquilo de que não gosta é incentivada a não gostar. Supõe-se que essa transigência torne a criança feliz, mas são justamente essas coisas que a tornam inquieta, descontente e insatisfeita com tudo. A condescendência tem-lhe estragado o apetite pelos alimentos simples e saudáveis, pelo uso verdadeiro e próprio de seu tempo; a tolerância efetuou a obra de desajustar esse caráter para o tempo e para a eternidade.” [33]

Quanto à Disciplina Severa Demais
“Oh, como Deus é desonrado numa família onde não há verdadeira compreensão quanto ao que constitui a disciplina familiar ....
“Quando os pais mostram um espírito áspero, severo e autoritário, desperta-se na criança um espírito de insubordinação e capricho. Assim os pais deixam de ter sobre os filhos a influência amenizadora que poderiam exercer.
“Pais, não podeis ver que palavras ásperas provocam resistência? Que faríeis se fôsseis tratados com tanta desconsideração como tratais aos vossos pequeninos? É vosso dever estudar da causa para o efeito. Quando xingastes vossos filhos, quando com furiosas pancadas batestes naqueles que eram demasiado pequenos para se defenderem, perguntastes a vós mesmos que efeito teria sobre vós tal tratamento? Tendes pensado em quão sensíveis sois quanto às palavras de censura ou culpa? Quão depressa vos ofendeis ao pensardes que alguém deixa de reconhecer a vossa capacidade? Sois apenas crianças crescidas. Então pensai em como se sentem os vossos filhos quando lhes dirigis palavras ásperas e cortantes, punindo-os severamente por faltas que, à vista de Deus, não são nem metade tão graves do que o tratamento que lhes dais.”[34]  

Quanto à Injustiça
“As crianças são sensíveis à mínima injustiça, e algumas ficam desanimadas ao sofrê-la, e nem darão ouvidos à alta e zangada voz de comando, nem se importarão com ameaças de castigo. Muitas vezes se instala nos corações infantis a rebelião, devido a uma errônea disciplina por parte dos pais quando, houvesse sido seguida a devida direção, elas teriam formado caráter harmônico e bom. Uma mãe que não tem perfeito domínio de si mesma não é apta para governar os filhos.”[35]

Quanto às Sacudidas ou Pancadas
“Quando a mãe dá no filho uma sacudida ou pancada, julgais que isso o habilita a ver a beleza do caráter cristão? Verdadeiramente não. Apenas tende a despertar no coração mau sentimento, e a criança não é corrigida em absoluto.” [36] 

Ao Ridículo e ao Escárnio
“Eles [os pais] não têm autorização para se irritarem, ralharem e ridicularizarem. Nunca devem escarnecer dos filhos que têm perversos traços de caráter, que eles mesmos lhes transmitiram. Esse modo de disciplina jamais curará o mal. Pais, apresentai os preceitos da Palavra de Deus ao admoestar e reprovar vossos filhos obstinados. Mostrai-lhes um ‘assim diz o Senhor’ como vossa exigência. Uma reprovação que vem como palavra de Deus é muito mais eficiente que a que sai dos lábios dos pais em tom áspero e colérico.”[37]

Quanto à Impaciência
“A impaciência nos pais promove a mesma nos filhos. A paixão manifestada pelos pais cria paixões nos filhos, suscitando-lhes o mal da própria natureza. ... Toda vez que eles perdem o domínio de si mesmos, e falam e agem impacientemente, pecam contra Deus.”[38]

Quanto à Alternação do Xingamento com a Adulação
“Freqüentemente vejo crianças, a quem se negou alguma coisa que desejavam, atirarem-se ao chão, amuadas, dando pontapés e gritando, enquanto a mãe insensata adula e ralha alternadamente na esperança de fazê-las voltar às boas. Esse tratamento apenas incentiva as paixões da criança. Da próxima vez, ela faz o mesmo com aumentada teimosia, confiando em ganhar nesse dia como antes. Assim a vara é poupada, e a criança é estragada.
“Não deve a mãe permitir que a criança leve vantagem sobre ela num simples caso sequer. E, para manter essa autoridade, não é necessário recorrer a medidas grosseiras; uma mão firme e segura, e uma bondade que convence a criança de vosso amor, alcançará o propósito.” [39]

Quanto à Falta de Firmeza e Decisão
“Grande mal é ocasionado pela falta de firmeza e decisão. Sei de pais que dizem: Você não pode ter isto ou aquilo, e então cedem, julgando que tenham sido estritos demais, e dão à criança justamente a mesma coisa que a princípio haviam recusado. Assim é infligido um prejuízo que perdura por toda a vida. É importante lei da mente – lei que não deve ser passada por alto – que quando um objeto é negado com tanta firmeza que remova toda a esperança, o espírito logo deixará de almejá-lo, e se ocupará em outros interesses. Mas enquanto houver qualquer esperança de obter o objeto desejado, far-se-á um esforço para alcançá-lo.
“... Quando é necessário os pais darem uma ordem direta, o castigo da desobediência deve ser tão invariável como as leis da natureza. As crianças que estão sob esse governo firme e decisivo sabem que, quando uma coisa é proibida ou negada, nenhuma importunação ou artifício conseguirá seu objetivo. Daí aprenderem elas logo a submeter-se e serem muito mais felizes ao assim fazê-lo. Os filhos de pais indecisos e demasiadamente condescendentes têm a constante esperança de que a adulação, o choro, ou a teimosia possam alcançar seu objetivo, ou que se possam aventurar a desobedecer sem sofrer o castigo.” [40]

Quanto à Severidade
“Os pais que exercem o espírito de domínio [imperialismo] e autoridade, que lhes foram transmitidos por seus próprios pais, e que os levam a serem exigentes demais na disciplina e instrução, não educam corretamente os filhos. Por sua severidade, ao tratar com os seus erros, despertam as piores paixões do coração humano e deixam nos filhos um sentimento de injustiça e de maldade. Encontram nos filhos a mesma disposição que eles mesmos lhes têm comunicado.
Tais pais afastam os filhos de Deus ao lhes falarem em assuntos religiosos; pois a religião cristã fica pouco atrativa e mesmo repulsiva, por essa falsificação da verdade. Dirão os filhos: ‘Bem, se isso é religião, nada quero com ela.’ Assim é que, freqüentemente, se cria no coração a inimizade contra a religião; e assim, pela execução arbitrária da autoridade, os filhos são levados a desprezar a lei e o governo do Céu. Por seu próprio desgoverno os pais fixaram o destino eterno dos filhos.”[41]

Quanto às Instâncias Amáveis
“Deve [o pai] cuidar para não despertar neles um espírito combativo. Não deve permitir que a transgressão passe sem corretivo, mas assim mesmo há um modo de corrigir sem despertar as piores paixões do coração humano.
“Fale com amor às crianças, dizendo-lhes quão triste está o Salvador com a sua atitude; então com elas se ajoelhe diante do trono da graça, apresentando-as a Cristo, orando para que Ele Se compadeça delas e as leve a se arrependerem e pedirem perdão. Tal disciplina quase sempre quebrantará o mais obstinado coração.”[42] e [43]

Conclusão
Um lar onde há respeito mútuo, especialmente por parte daqueles que detém autoridade, é um prazer para o nosso Deus. “A melhor prova de cristianismo de uma casa é o tipo de caráter gerado pela sua influência. As ações falam mais alto do que a mais positiva profissão de piedade.”[44] Certamente que o ‘fazer coisas juntos’ nos une como também nos mantém unidos.
Lembremo-nos: Se não formos cristãos em nosso lar, no trato com os de nossa casa, não o seremos em qualquer outro lugar. O melhor lugar para testar a eficácia desta mensagem é no nosso próprio lar. Então, a fim de transformar estes conselhos divinos em hábitos de vida, valha-se do método que deu esplêndida vitória ao Senhor Jesus Cristo: cite a Palavra na hora da tentação!
Nossos contemporâneos caracterizam-se por um declínio na solidariedade humana. Há, de fato, uma crescente indiferença pelas dores que afligem o próximo. Se seguirmos o ‘Cordeiro onde quer que vá’ (Apoc. 14.4), até onde nos conduzirá pelos caminhos da empatia – sentir como nossas as condições e aflições alheias?


[1] Filhos e Filhas de Deus [MM 1956], pág. 63.
[2] GCB 6-4-1903, pág. 89. Todas as ênfase deste capítulo foram acrescentadas.
[3] Testimonies, vol. 7, pág. 47.
[4] Testimonies, vol. 1, págs. 307-308..
[5] Testimonies, vol. 7, pág. 45.
[6] Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 325.
[7] Fundamentos da Educação Cristã, pág. 68.
[8] Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 155.
[9] Manuscrito 79, 1901.
[10] Review and Herald, 21 de abril de 1904.
[11] Manuscrito 12, 1898.
[12] Carta 8a, 1896.
[13] Manuscrito 14, 1905.
[14] Manuscrito 22, 1904.
[15] Manuscrito 42, 1903.
[16] Carta 69, 1896.
[17] Manuscrito 47, 1908.
[18] Carta 19a, 1891.
[19] Review and Herald, 30 de agosto de 1881.
[20] Manuscrito 38, 1895.
[21] Manuscrito 68, 1897.
[22] Signs of the Times, 24 de novembro de 1881.
[23] LA, pág. 309.
[24] Testimonies, vol. 5, pág. 45.
[25] Manuscrito 53.
[26] Manuscrito 45, 1911.
[27] Manuscrito 33, 1909.
[28] Signs of the Times, 22 de julho de 1889.
[29] Manuscrito 2, 1903.
[30] Carta 144, 1906.
[31] Manuscrito 27, 1906.
[32] Manuscrito 70, sem data.
[33] Manuscrito 126, 1897.
[34] Manuscrito 42, 1903.
[35] Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 138.
[36] Manuscrito 45, 1911.
[37] Fundamentos da Educação Cristã, págs. 67- 68.
[38] Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 148.
[39] Pacific Health Journal, abril de 1890.
[40] Signs of the Times, 9 de fevereiro de 1882.
[41] Review and Herald, 13 de março de 1894.
[42] Manuscrito 70, 1903.
[43] Às págs. 258-287 do livro Orientação da Criança, o leitor encontrará a íntegra deste capítulo, aqui parcialmente reproduzido. Todas as ênfases deste capítulo foram acrescentadas.
[44] Patriarcas e Profetas, pág. 579.

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